Diferentemente do que ocorria dois anos atrás, os investidores já começam a olhar para o mercado brasileiro de provedores regionais de acesso à internet. “Há muitas conversas em andamento, especialmente envolvendo provedores corporativos e de atacado”, informou Rodrigo Leite, sócio da Advisia OC&C Strategy Consultants, ao participar de um debate sobre consolidação do segmento de provedores no evento ISP.Next Summit, que se realiza em Florianópolis (SC) promovido pela Cianet. Em sua avaliação, o mercado de provedores vai passar por uma consolidação radical, “das mais radicais que já se viu na história dos negócios”, prevê Leite.

Diferentemente do que ocorria dois anos atrás, os investidores já começam a olhar para o mercado brasileiro de provedores regionais de acesso à internet. “Há muitas conversas em andamento, especialmente envolvendo provedores corporativos e de atacado”, informou Rodrigo Leite, sócio da Advisia OC&C Strategy Consultants, ao participar de um debate sobre consolidação do segmento de provedores no evento ISP.Next Summit, que se realiza em Florianópolis (SC) promovido pela Cianet. Em sua avaliação, o mercado de provedores vai passar por uma consolidação radical, “das mais radicais que já se viu na história dos negócios”, prevê Leite.

E por que isso vai acontecer? De acordo com o analista, porque é natural que a empresa termine migrando para as mãos de quem consegue extrair dela maior valor; porque os fundos, especialmente de infraestrutura, têm um custo de capital mais baixo e conseguem pagar mais pelo ativo, seduzindo o vendedor; porque os investidores conseguem ter ganho de escala. Quando vai acontecer? Segundo o sócio da Advisia, que tem vários clientes na área de telecom, não é fácil prever. Mas ele acredita que o movimento vai começar pelos provedores maiores no segmento B2B. Nesse segmento, Invest Tech e Axxion compraram participação minoritária na America Net, o primeiro movimento; o fundo Pátria comprou cinco provedores consolidados na Vogel Telecom ; e a Acon Investimentos comprou duas empresas regionais de cabo — Cabo Telecom, de Natal, e Forte Multiplay, de Fortaleza —, mas a partir dai passou a lançar fibra.

O movimento de consolidação, com a chegada firme do capital financeiro, ainda não aconteceu, na avaliação de Leite, também por uma razão tributária. “Vale mais a pena a empresa não crescer e continuar na mão da primeira geração para se manter dentro do Simples pagando menos tributos”, lembrou ele. Nesse regime, o retorno sobre o investimento gira em torno de 70%, podendo chegar a 100%, quando em outro regime tributário cai pela metade. Há ainda, mencionou, a questão da tributação pelo ICMS, pago por todas as grandes operadoras, versus a tributação pelo ISS, paga pelos provedores, observou.

Falta maturidade

Se os fundos de private equity só agora começam a cortejar os provedores regionais, os movimentos de fusões e aquisições entre eles são antigos. Especializado em fusões e aquisições de pequenas e médias empresas no segmento de TI e telecom, o Biancamano Advogados Associados realiza de três a quatro operações por mês, de vários tipos e portes.

Com base em sua experiência, a advogada Roberta Dias, do Biancamano, divide as operações em três tipos: de empresas pequenas, que faturam até R$ 500 mil/mês, onde o comprador está interessado no ativo (rede e carteira de clientes) e não no CNPJ; de empresas de médio porte, entre R$ 500 mil e R$ 2 milhões de faturamento/mês, onde já se exige avaliação baseada em fluxo de caixa descontado; auditoria jurídica, financeira e contábil; equipe profissional; e empresas de grande porte, com faturamento mensal de R$ 5 milhões, objeto de interesse de fundos e grandes operadoras. Aí de exige due dillinge e elevado nível de governça corporativa.

Na visão de Roberta, a maioria dos negócios, mesmo envolvendo compra de pequena empresa, não acontece por falta de maturidade do empresário. “Ele não sabe valorizar adequadamente o seu negócio”, diz ela. Outro ponto que chama sua atenção é a falta de governança, de informações confiáveis. “As empresas têm graves problemas de contabilidade”, aponta ela, que sugere também os provedores que qualificam seus cargos de comando e adotem sistemas de gestão empresarial.